Polícia pode pedir exumação de corpo de recém-nascida em José de Freitas

Facebook
Twitter
LinkedIn

Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Civil do Piauí poderá pedir a exumação do corpo da recém-nascida Mavie Sofia, , que morreu durante o parto, realizado no último dia 8 de maio, no Hospital Municipal Nossa Senhora do Livramento, em José de Freitas, interior do Piauí.

Ao Cidadeverde.com, a delegada titular de José de Freitas, Adrianne Melissa Azevedo afirmou que o caso está em investigação e, caso seja necessário, será solicitada a exumação do corpo da bebê.

“Solicitamos ao hospital o prontuário médico da parturiente, detalhando as providências desde a entrada na unidade de saúde até o encaminhamento para Teresina. Essa documentação será encaminhada para o médico legista para que ele faça uma perícia indireta, mas caso seja necessário, pediremos a exumação do corpo”, explica a delegada.

Enquanto aguarda os laudos, a Delegacia de José de Freitas entra na fase de colher depoimentos de todos os que participaram do atendimento.

Entenda o caso

Familiares da recém-nascida denunciaram o Hospital Municipal Nossa Senhora do Livramento, pela morte da bebê. A avó da criança, Doralice, relatou que houve demora no atendimento e que a equipe de plantão tentou omitir o local do óbito.

Segundo Doralice, a filha não apresentou complicações durante a gestação, mas a família alertou o hospital sobre intercorrências graves na primeira gravidez, quando Martha Bruna tinha 17 anos.

“Na primeira gestação, ela teve que ser transferida às pressas para Teresina. O bebê nasceu quase sem vida. Por isso pedimos que dessa vez ela fosse acompanhada na maternidade Dona Evangelina Rosa, mas o pedido foi negado”, disse.

De acordo com a família, o parto foi acompanhado por um enfermeiro obstetra e uma médica. “Quando colocaram ela na maca, eu já vi que a menina veio preta, não tava respirando. Tentaram reanimar com massagem, mas nada. Depois de uns 40 minutos disseram que ela já nasceu morta”, contou Doralice.

A avó também afirmou que foi orientada a não informar que a morte ocorreu no hospital. “Quiseram dizer que ela tinha morrido no caminho. Me pediram pra mentir. Eu disse que não ia mentir, que ela nasceu e morreu dentro do hospital”.

Hospital se manifesta

O caso foi tema de pronunciamento na Câmara de Vereadores de José de Freitas nesta terça-feira (13). Em nota, a direção do Hospital Nossa Senhora do Livramento informou que a morte foi causada por um prolapso de cordão umbilical, uma emergência obstétrica rara em que o cordão sai do útero antes do bebê, comprometendo a oxigenação. A direção declarou que a equipe atuou imediatamente, mas não conseguiu evitar o óbito. Confira a nota na íntegra ao fim da reportagem.

O hospital também afirmou que o pré-natal de Martha Bruna transcorreu normalmente e que, por isso, não havia indicação de encaminhamento para uma maternidade de maior complexidade. A equipe de plantão foi afastada até a conclusão da apuração interna.

A Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa foi citada pela família e por meio de nota informou que “reforça o compromisso com a confidencialidade dos prontuários médicos, assegurando o direito à privacidade dos dados de todos os pacientes. Informações detalhadas sobre internações, cirurgias e outros procedimentos médicos são consideradas confidenciais e pertencem exclusivamente ao paciente. O compartilhamento dessas informações só ocorre com a autorização expressa do paciente ou em circunstâncias específicas previstas por lei. Essa medida é fundamental para garantir o respeito aos direitos de cada pessoa atendida na unidade de saúde”.

Nota – Secretaria de Saúde de José de Freitas

No dia 08 de maio de 2025, uma gestante de 40 semanas e 4 dias deu entrada no Hospital Municipal Nossa Senhora do Livramento em trabalho de parto, dentro da normalidade. Após algumas horas, ocorreu uma emergência obstétrica rara, nomeada prolapso de cordão umbilical, condição que afeta menos de 0,5% dos partos. Apesar da atuação imediata da equipe, houve perda nos sinais vitais do recém-nascido. A equipe realizou reanimação NeoNatal, mas, infelizmente, não houve sucesso.

A família relatou que a paciente teria tido, há 5 anos, um parto considerado de risco. No entanto, durante o acompanhamento pré-natal atual, todos os exames estavam dentro da normalidade, sem qualquer intercorrência registrada. Conforme a literatura médica e os protocolos vigentes, essa condição não exigia transferência prévia para uma unidade de maior complexidade.

Após o ocorrido, a família alega que, apesar do bebê ter nascido sem vida, a equipe médica de plantão teria solicitado regulação para Teresina. Esse fato está sendo investigado pela Comissão da Secretaria Municipal de Saúde, pela Direção do Hospital, pelo setor Jurídico da Prefeitura Municipal e pela Delegacia Local.

O motivo acima gerou profundo constrangimento na família. Diante da gravidade da denúncia, a direção do hospital decidiu afastar a equipe de plantão até a completa apuração dos fatos.

Desde sua abertura, em abril de 2024, o Centro de Parto Normal (CPN) de José de Freitas já realizou 1.726 partos. O óbito registrado no último dia 08 de maio foi o único na história do Centro. Em 2025, já foram realizados 50 partos, sendo 3 deles após o ocorrido, todos sem intercorrências. O CPN é referência estadual em atendimento humanizado e já foi utilizado como modelo por outros municípios do Piauí.

Reafirmamos nosso compromisso com a ética, a transparência e a qualidade no cuidado com as gestantes e suas famílias.

Matérias Relacionadas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS