A família de Laurielle da Silva Oliveira, 27 anos, morta em um acidente de trânsito no último domingo (01), enfrenta momentos muito difíceis, de um lado clamam por justiça e de outro buscam forças e recursos para cuidar dos três filhos da jovem. Ela estava em uma motocicleta com o esposo, Francisco Felipe Oliveira Duarte, quando foram atingidos por um veículo de passeio dirigido pelo estudante João Henrique Soares Leite Bonfim, 22 anos.
Laurielle morreu no local do acidente. Felipe faleceu na manhã de hoje (03), no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
A mãe da jovem, Antônia Lucineira da Silva Oliveira, disse que a filha saiu de sua casa por volta da meia-noite. Ela teria pedido à mãe que cuidasse do bebê de três meses enquanto ia até o local de trabalho do esposo para aguardar o fim do show. Era a primeira vez que Laurielle acompanhava o esposo no trabalho desde o nascimento do filho mais novo.
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“Ela me pediu para cuidar do Theo enquanto iria lá com ele. Ela me disse que seria rápido, pois aguardariam o final do show para desmontar os equipamentos e voltariam para casa”, relatou a mãe.
O tempo passou, e Antônia estranhou a falta de notícias da filha. Por volta das 4h, ligou para o celular de Laurielle, e quem atendeu foi uma funcionária do Instituto Médico Legal (IML).
“Quando eu liguei, foi a mulher do IML quem atendeu e disse que minha filha estava morta”, disse, em prantos.
Para a mãe de Laurielle a filha não foi vítima de um acidente. Ela pede, ainda, que a Justiça mantenha o condutor do veículo, que supostamente causou o acidente, preso.
“O que aconteceu com a minha filha e com o meu genro não foi acidente. O que ele fez foi a mesma coisa de pegar uma arma e atirar neles. Ele é um criminoso, ele precisa ficar na cadeia. A gente sabe que vem um monte de advogados e conseguem tirar ele da cadeia, mas eu quero que ele sofra na cadeia o que estamos sofrendo aqui fora, quero que ele pague”, disse emocionada.
As três crianças estão na casa da avó. O imóvel fica localizado na Vila Nova Aroeira, na zona Leste de Teresina. A casa possui sala, cozinha, um banheiro e apenas um quarto. Antes do acidente, no imóvel moravam apenas Dona Antônia e seu esposo, Neto Pereira. Agora, o lar ganhou mais três ocupantes: duas meninas, de 11 e 6 anos, e o bebê de apenas três meses.
Somente o padrasto de Laurielle está empregado. Ele trabalha como agente de portaria e ganha um salário mínimo.
“Era minha filha quem me ajudava. Ela chegava aqui, perguntava se eu tinha alguma conta para pagar e pagava. Fazia compras para a casa dela e dividia comigo. Sempre foi assim, ela me ajudando”, relembrou.
Laurielle trabalhava em uma autoescola. O dono da empresa tem prestado ajuda para a família de sua funcionária.
“Ele esteve aqui ontem conosco e já ligou hoje avisando que vai passar aqui mais tarde. Ele gostava muito da minha filha. Disse que ela era os braços dele lá na empresa”, afirmou.
Para cuidar das três crianças, Dona Antônia conta com a ajuda da sua filha Francielle. Essa é a segunda vez que Dona Antônia enterra uma filha. Há 14 anos, perdeu a filha mais velha, então com 15 anos, vítima de afogamento. Agora, perdeu Laurielle.
Francielle é casada, mas ainda não tem filhos. Ela se reveza com a mãe nos cuidados com as crianças. A menina mais velha, de 11 anos, está muito abalada.
“Ela passa o dia olhando as fotos da mãe no celular. Ontem, chorou muito na hora de dormir e hoje também acordou chorando. Ela já fazia acompanhamento psicológico, e agora é que vai precisar mesmo. A menina de seis anos parece não entender a gravidade da situação, mas sente a falta da mãe e, também, chora às vezes”, disse Antônia.
Ajuda financeira
A família está realizando campanhas para conseguir recursos para ampliar a casa.
“Eu preciso de mais um quarto para que as crianças tenham aqui o que tinham com a mãe. As meninas estão dormindo na minha cama, meu esposo está dormindo no chão e eu estou dormindo em uma rede. Todos no mesmo quarto. O bebê está na casa da minha filha”, explicou.
O pequeno Theo estava sendo amamentado pela mãe e teve dificuldades em aceitar a fórmula, mas hoje já se alimentou bem.
Ele usa a fórmula NAN (0 a seis meses), que custa, em média, R$ 70 a lata. Uma lata não é suficiente para uma semana. Ele também precisa de fralda descartável tamanho G.
A tia das crianças disponibilizou sua chave PIX para receber doações.
“Toda ajuda é bem-vinda. Meu salário é só o mínimo, e eu já vivia com dificuldades com a minha companheira. Agora são mais três pessoas, e crianças precisam de boa alimentação, leite, frutas, carne”, disse Neto Pereira.
Chave PIX para doações: 86998499694 Francielle Maria da Silva Costa