Uma reportagem exibida pelo Jornal Nacional nesta segunda-feira (25/11) destacou dados alarmantes de um estudo do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas. A pesquisa revelou que usuários de cigarros eletrônicos podem acumular até seis vezes mais nicotina no sangue do que fumantes de cigarros convencionais, mesmo aqueles com décadas de uso.
O caso do casal de namorados Vitor dos Santos, de 22 anos, e Maria Fernanda Fonseca, de 19, ilustra a gravidade da situação. Dependentes dos dispositivos, eles buscaram tratamento ao perceber os efeitos nocivos do vício. Segundo Vitor, o equivalente a 80 cigarros diários foi detectado no sangue ao iniciar o tratamento. “A gente fuma naturalmente, nem percebe a quantidade de puxadas que dá por dia”, relatou.
Apesar da proibição da comercialização desses dispositivos pela Anvisa, sua presença é comum em bares, eventos e shows. O estudo aponta que a combinação de alta concentração de nicotina e substâncias tóxicas inaladas, como metais pesados e partículas ultrafinas, eleva os riscos de doenças pulmonares, como asma, além de agravar problemas respiratórios e causar dependência em curto período.
A cardiologista Jaqueline Scholz, coordenadora do estudo, destacou os perigos do uso excessivo. “Como o produto é agradável, tem cheiro bom e não provoca desconforto, o indivíduo abusa. Essa alta exposição está associada a doenças pulmonares graves e sintomas respiratórios frequentes”, explicou.
Outro dado preocupante é a relação entre o cigarro eletrônico e a saúde mental. Cerca de 30% dos usuários entrevistados relataram sintomas de ansiedade e depressão, indicando que o vício pode ser tanto causa quanto efeito desses transtornos. Maria Fernanda, que sofre com falta de ar e fadiga, está otimista com o tratamento. “Estou feliz e com esperança de parar de fumar”, disse.
Os especialistas alertam para a necessidade de políticas mais eficazes para combater a disseminação desses produtos e conscientizar sobre os danos irreversíveis que podem causar.